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Ferramentas ajudam identificar origens do desperdício de energia

Fonte: Folha de S.Paulo
20/07/2021
Gestão

Empresas que oferecem o serviço de monitoramento do consumo de energia têm ajudado empreendedores a identificar as fontes de desperdício, cortar os custos e otimizar a produção.

Os pequenos negócios representam 40% da clientela da Energia das Coisas, empresa paulistana que desenvolveu um sistema capaz de fornecer um diagnóstico preciso do gasto energético.

Um aparelho, do tamanho de um celular, é conectado ao quadro de luz do estabelecimento e passa a ler os parâmetros de tensão e corrente de cada equipamento e ambiente separadamente. Os resultados podem ser acompanhados em um aplicativo.

Há dois formatos de contrato. No primeiro, o cliente compra o equipamento por R$ 1.750 e tem direito ao serviço de monitoramento por dois anos. Quem preferir pode levar o aparelho em sistema de comodato e pagar a partir de R$ 150 por mês, taxa que varia conforme o tamanho do negócio e a quantidade de equipamentos.

Rodrigo Lagreca, fundador da Energia das Coisas, diz que a instalação é simples. “Despacho o equipamento para qualquer lugar do Brasil. Para instalar, basta assistir a tutoriais pelo Youtube.”

Rinaldo Martins da Silva, 60, dono da fábrica de pães de queijo Grano Dricah, em Osasco (Grande São Paulo), é um dos clientes de Lagreca.

Silva já sabia que a produção do seu negócio depende de equipamentos de alto consumo energético, como a câmara fria e os freezers. As geladeiras são as grandes responsáveis pela conta mensal de luz chegar a R$ 3.000.

Com o aparelho de monitoramento, instalado em 2020, ele conseguiu otimizar a produção. “Organizei o fluxo, por exemplo, para evitar que a masseira e a formatadora, dois equipamentos de alto consumo, sejam ligados juntos”, afirma. Silva optou pelo sistema de comodato e paga R$ 169 por mês pelo serviço.

Ele também investiu em lâmpadas de LED e em um aparelho de ar-condicionado do tipo inverter, que estabiliza a temperatura sem ligar e desligar o tempo todo, gerando economia de até 70%.

“Não consegui diminuir o valor da conta de luz, mas, apesar dos últimos reajustes, sigo pagando o mesmo valor.”

Desenvolvedora de um sistema similar de monitoramento, a Time Energy fez o primeiro teste na própria empresa.

O escritório da companhia, que fica em Campinas (interior de São Paulo), tem 700 m² e gastava R$ 3.000 por mês de conta de luz. O monitoramento indicou que um dos vilões era o sistema convencional de ar-condicionado, que foi trocado por um modelo inverter.

“O maior ganho foi ter diagnosticado o comportamento da equipe. Com algumas mudanças, reduzimos a conta em 20%”, diz Leandro Silva Pereira, fundador da Time Energy.

Com o próprio exemplo como cartão de visitas, não tem sido difícil conquistar clientes. O serviço, que custa a partir de R$ 100 mensais, é procurado por redes varejistas e shoppings, que usam o sistema para monitorar cada loja de forma independente.

Gerente de operações e manutenção do Shopping Vitória, na capital capixaba, Cícero Teixeira Nobre, 47, instalou o sistema da Time Energy em agosto de 2020. Pelo serviço, o centro de compras paga R$ 25 mil mensais.

Seu objetivo inicial era otimizar o trabalho de medição individual de cada uma das 400 lojas e quiosques.

“Uma vez por mês, destacava um funcionário para esse trabalho, que durava um dia, e ficávamos sujeitos a erros e ações judiciais”, conta Nobre.

Agora, a medição individual é automática, e os lojistas podem acompanhá-la por meio de um aplicativo.

O que Nobre não esperava era um bem-vindo efeito colateral: o monitoramento permitiu identificar desperdícios que ocorriam nas lojas e elevavam a conta de luz sem que os lojistas percebessem.

“Em um sport bar com 45 televisores, constatamos um consumo elevado de energia na madrugada, com a casa fechada. Descobrimos que o lojista desligava os televisores, mas os mantinha em stand-by. Ele passou a desligá-los completamente e economizou R$ 4.000 mensais.

Segundo o fundador da Time Energy, o sistema vai além de fornecer o diagnóstico. “Indicamos modificações e ações que envolvem mudança de comportamento. Essa é a parte mais difícil.”