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Empreendedores contam como o Pix mudou os seus negócios

Fonte: Folha de S.Paulo
24/09/2021
Pix

Lançado em novembro do ano passado, o Pix rapidamente se tornou um dos meios de pagamentos mais usados no país. Empreendedores contam como a novidade tem impactado os seus negócios.

"COM O PIX, AMPLIAMOS O LEQUE DE CLIENTES"
Izabela Tavares, 36, padeira e dona da Iza Padaria Artesanal

Sou formada em gastronomia e sempre sonhei em abrir um restaurante, mas após uma viagem para a Itália, em 2015, me apaixonei pela fermentação natural.

Voltando ao Brasil, comecei a fazer uns experimentos. Quando me dei conta, já estava vendendo pães para chefs amigos e para restaurantes e decidi assumir a profissão de padeira.

Montei uma cozinha industrial, em 2016, na Vila São Francisco, em São Paulo, para encomendas. Em janeiro de 2020, abri a primeira loja com café e pães, na Vila Madalena.

Por conta da pandemia, ficamos por sete meses com as portas fechadas, mas continuamos com o delivery e com a assinatura de pães.

Como meu negócio inicial sempre foi entrega, foi um pouco mais tranquila essa adaptação. As pessoas estavam mais em casa e criaram o hábito de pedir delivery, tanto que crescemos cerca de 60% na pandemia. Reabrimos a loja em outubro, mas só para retirada, por enquanto.

No começo, recebia muito por transferência bancária. Como era complicado ficar conferindo sempre cada transferência, aderimos ao pagamento online. Desde que o Pix começou, passamos a receber muitos pagamentos desta forma.

O cliente pode retirar em dois endereços: na padaria, na Vila Madalena, ou na cozinha, na Vila São Francisco. Na cozinha, já até abolimos as maquininhas. Além de ser prático, é muito mais higiênico, por conta da pandemia.

No início, muitos clientes não sabiam usar o Pix, e a gente precisava ensinar como fazer. Mas foi fácil.

A comunicação é muito mais ágil. Com isso, ampliamos nosso leque de clientes —muitos não têm cartão de crédito ou não gostam de fazer transações online, por exemplo.

Ainda há a vantagem de o dinheiro cair na hora e sem taxas. Estamos economizando com o Pix cerca de 4% em cada transação.

Já para compra de fornecedores, ainda temos usado mais boletos, porque isso ajuda no controle financeiro. Mas estamos pagando todos os nossos colaboradores com Pix, porque cai mais rápido na conta deles.

"PIX VALE A PENA PARA PAGAMENTOS ATÉ CERTO VALOR"
​Rogério Ulliana, 47, diretor do Garage Coworking

Trabalhei muitos anos com consultoria e percebia que as empresas ficavam muito isoladas. Idealizei o Garage Coworking com a proposta de compartilhar conhecimentos e favorecer trocas entre profissionais e empresas.

Abrimos as portas em outubro de 2019, com 70% da casa ocupada, mas fechamos em março de 2020, por conta da pandemia. Muitas empresas e profissionais liberais acabaram não renovando o contrato.

Reabrimos novamente em outubro do ano passado, mas somente em julho deste ano voltamos a ter uma melhora.

Percebemos que mudou a demanda. Como os profissionais liberais e as pessoas físicas já se adaptaram ao home office, hoje tenho recebido mais procura de empresas que fecharam seus escritórios ou que querem um espaço eventual para confraternizações, treinamentos e reuniões.

Aderimos ao Pix desde o início, porque ele não tinha taxa. Mas, depois de alguns meses, passou a ser cobrado para empresas.

Percebemos que o Pix valia a pena para pagamentos até certo valor. Por exemplo, se eu faço uma transferência de R$ 900 pago cerca de R$ 9 no banco em que tenho conta. Com TED, pago cerca de R$ 5,40.

Estou inclusive estudando migrar para uma fintech, porque ela oferece serviços mais vantajosos —por exemplo, não cobram pacote de tarifas e taxa de manutenção da conta. Já tenho conta em outra fintech que não cobra taxas de transferências acima de certo valor.

Hoje, tenho vários fornecedores que nem passam mais o número da conta, é Pix direto. Quando tenho a opção de escolher, ainda prefiro TED ou DOC, porque a taxa para empresa é menor.

Os fornecedores maiores emitem boleto de pagamento ou passam cartão. Boleto, para mim, é ainda o melhor dos mundos, porque consigo pagar só depois de gerar renda com os produtos.

Já os clientes que são pessoas físicas no Garage estão preferindo pagar com Pix. Para gente, é ótimo, porque não temos custos com as empresas de maquininha.

No volume, isso faz bastante diferença. Imagine receber R$ 100 mil reais e ter de pagar R$ 5.000 de taxa no cartão?