A taxa de desemprego ficou em 12,6% no terceiro trimestre, uma queda em relação aos 14,2% registrados no segundo trimestre, que serve de base de comparação. Ainda assim, há 13,5 milhões de pessoas em busca de uma vaga, segundo dados divulgados na manhã desta terça-feira pelo IBGE.
Houve um crescimento de 4% da população ocupada, contingente que chegou a 93 milhões no terceiro trimestre. Com o avanço, o nível da ocupação chegou a 54,1% da população em idade de trabalhar. No trimestre passado, esse percentual foi de 52,1%.
— No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho [contingente daqueles que não estão ocupados nem buscando emprego] — diz a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
Cresce trabalho doméstico
Entre as categorias de emprego que mais cresceram no período estão os empregados do setor privado sem carteira assinada, com alta de 10,2%, somando 11,7 milhões de pessoas.
No mesmo período, o número de trabalhadores domésticos chegou a 5,4 milhões, aumento de 9,2%, o maior desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. O contingente, contudo, segue abaixo do pré-pandemia. No primeiro trimestre do ano passado, 6 milhões de pessoas eram trabalhadores domésticos.
Se considerados apenas os trabalhadores sem carteira, houve aumento de 10,8%, o que representa 396 mil pessoas a mais no mercado de trabalho.
— É um processo de recuperação que já vinha ocorrendo a partir de junho. A categoria dos empregados domésticos foi a mais afetada na ocupação no ano passado e, nos últimos meses, há uma expansão importante. Embora haja essa recuperação nos últimos trimestres da pesquisa, o contingente atual desses trabalhadores é inferior ao período pré-pandemia — afirma.
Trabalho por conta própria bate novo recorde
A pesquisa também apontou que o contingente de trabalhadores por conta própria avançou 3,3% no terceiro trimestre e bateu novo recorde. São 25,5 milhões de pessoas nessa categoria, o maior número desde o início da série histórica da pesquisa.
Esse contingente inclui os trabalhadores que não têm CNPJ, que cresceram 1,9% frente ao trimestre trimestre anterior. Com isso, a taxa de informalidade chegou a 40,6% da população. São 38 milhões de trabalhadores nessa situação.
Perspectivas
Apesar da reabertura econômica impulsionar o avanço da população ocupada, a expectativa dos economistas para os próximos meses é de desaceleração da geração de vagas de trabalho.
Isso porque a combinação de inflação de dois dígitos, juros elevados e riscos políticos impactam a atividade econômica, o que dificulta o otimismo dos empresários no que se refere à contratação de profissionais, apesar do período de festas no fim de ano incentivar a contratação temporária.
Com isso, analistas projetam desaceleração da atividade econômica para 2022 e um recuo menor da taxa de desemprego.
Pesquisa reponderada
Nesta terça-feira, o IBGE divulgou a reponderação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Agora os resultados da Pnad Contínua incorporam metodologia que ajusta os pesos das informações conforme idade e sexo dos informantes.
O objetivo da calibração é mitigar possíveis impactos de viés de cobertura, dado que a coleta de dados referente ao mercado de trabalho passou a ser feita por telefone no ano passado por conta da pandemia de Covid-19.