A dificuldade de acesso a crédito e a falta de educação financeira têm feito com que a maioria dos donos de pequenos negócios recorram a empréstimos bancários por meio da pessoa física ao invés da pessoa jurídica.
Os dados constam na pesquisa “Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil”, realizada pelo Sebrae.
O levantamento mostra que 61% dos entrevistados, formados por Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e Microempreendedores Individuais (MEIs), que recorreram a financiamentos ou empréstimos bancários nos últimos cinco anos, fizeram a solicitação sem utilizar a pessoa jurídica do negócio.
Esse percentual representa um recorde na série histórica da pesquisa iniciada em 2013.
É a primeira vez que a quantidade de empréstimos concedidos para pessoa física supera para pessoa jurídica na série histórica.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, essa realidade identificada no estudo é resultado direto do expressivo crescimento do número de novos MEIa na economia e da redução das fontes de financiamento.
"Entre 2020 e 2022, foram cerca 5,2 milhões de novos Microempreendedores Individuais, o que representa o perfil do dono de pequeno negócio que mais recorre aos empréstimos pessoais para financiar a empresa”, explica.
Confusão patrimonial
O presidente do Sebrae lembra que separar as contas entre pessoais e da empresa é uma das primeiras recomendações que o Sebrae faz para qualquer pessoa que planeja abrir o próprio negócio.
“Confundir a gestão da empresa e da pessoa física é um dos maiores erros que os empresários podem cometer. Isso torna o controle do orçamento da empresa praticamente impossível e pode comprometer seriamente a saúde financeira do negócio. Sem boa gestão, não há crescimento, solidez, aumento de receita, lucro e tudo o mais que se busca ao começar um negócio”, comenta.
Dificuldade de acesso a crédito
O levantamento do Sebrae mostra que, entre 2020 e 2022, cresceu a proporção de empresários que encontraram dificuldades para obter um novo crédito ou financiamento. A proporção saltou de 63% para 84%, recorde histórico da série.
A falta de garantias reais (20%), a taxa de juros muito alta (17%) e a falta de avalista/fiador (11%), foram as dificuldades mais citadas pelos donos de pequenos negócios que buscaram empréstimo ou financiamento bancário.