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Desemprego bate novo recorde e vai a 14,6% em setembro

Fonte: O Globo
27/11/2020
Geral

A taxa de desemprego no Brasil bateu novo recorde e subiu para 14,6% no trimestre encerrado em setembro, segundo dados da Pnad Contínua do IBGE, divulgados nesta sexta-feira. Essa é a maior taxa registrada na série histórica do instituto, iniciada em 2012.  Houve alta em dez estados.

São 14,1 milhões de pessoas em busca de trabalho. Em apenas três meses, mais 1,3 milhão de pessoas entraram na fila do emprego, na comparação com o segundo trimestre do ano. Em agosto, a taxa de desemprego já havia batido recorde, 14,4%.

Segundo a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy, o aumento na taxa de desemprego reflete a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19.

“Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, explica.

Outro fator que pesou no aumento da taxa de desemprego, segundo a economista da XP Investimentos, Lisandra Barreto, foi a redução do auxílio emergencial em setembro de R$ 600 para R$ 300.

— No início da pandemia, com o isolamento social e o auxílio completo, as pessoas desistiram de procurar emprego por um tempo. Quando ambos diminuíram, as pessoas sentiram necessidade de outra renda e passaram a procurar emprego, o que reflete também no aumento da taxa de desemprego. 

As duas acreditam que os números devem piorar no próximo trimestre. Para Adriana, é pouco provável que conseguir zerar todas as perdas acumuladas em 2020.

— Até dezembro, a expectativa é que a taxa de desemprego chegue a 15,2%. O mercado vai continuar fragilizado, porém, o pior efeito vai ser sentido no ano que vem, com o fim do auxílio emergencial e dos programas de flexibilização de redução e suspensão de jornada de trabalho — explica Lisandra.

A explicação, segundo ela, é que mesmo que alguns setores, como a agricultura e a construção, além da informalidade, tenham ajudado a segurar uma taxa de desocupação ainda pior no terceiro trimestre, o setor de serviços, que tem grande peso no mercado de trabalho, ainda não reagiu.

— Mesmo que a economia esteja reagindo, é natural que o mercado de trabalho demore mais, pois contratar no Brasil é muito caro o que deixa uma defasagem de alguns meses para ver o efeito nos empregos. Na pandemia, em especial, uma das razões pelas quais o trabalho ainda não acompanha a performance da economia é que o serviço voltou mas não totalmente, seja para usar a capacidade total ou contratações — avalia Lisandra.

População ocupada é a menor da série

Analistas avaliam que o desemprego deve continuar a subir, apesar da reação da economia nos últimos meses, pois o auxílio emergencial deve acabar em dezembro, levando os brasileiros que hoje recebem o benefício a buscar emprego.

Os dados do IBGE revelam um mercado de trabalho ainda muito frágil. Em um ano, foram fechadas 11,6 milhões de vagas no país, o que levou a população ocupada ao menor nível desde o início da série histórica, em 2012: eram 82,5 milhões de pessoas ocupadas em setembro.

Assim, o nível de ocupação foi de 47,1%, mantendo a curva descendente dos últimos meses. Desde o trimestre encerrado em maio, o nível de ocupação está abaixo de 50%. Isso significa que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

Desalento atinge maior patamar da série

E o número de desalentados atingiu 5,9 milhões, o maior da série.

A Pnad traz informações do mercado de trabalho que inclui os informais e tem uma base trimestral. Nesta quinta-feira, o Ministério da Economia divulgou o saldo de vagas em outubro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que considera apenas o emprego com carteira assinada e tem base mensal.

Foram criados 394.989 empregos formais em outubro, o melhor registro para o mês desde 1992, início da série histórica.

Mas os dados da Pnad mostram que o número de pessoas com carteira assinada no mercado de trabalho caiu no trimestre. Houve uma perda de 788 mil postos de trabalho formais (queda de 2,6%) nos três meses encerrados em setembro frente a igual período do ano anterior.

Segundo o IBGE, eram 29,4 milhões de empregados com carteira assinada no país no fim do terceiro trimestre.